Estratégias da nova eletrônica dos motores Euro 6
Com sensores mais sofisticados, catalisadores caros e menor tolerância a combustível de má qualidade, os novos caminhões com motores Euro 6 estão mais potentes e mais econômicos
Por: Alexandre Akashi/ Fotos: Divulgação
A partir de janeiro de 2023, todos os veículos pesados movidos à Diesel devem atender às novas normas de emissões preconizadas no Proconve P8, equivalente à Euro 6, na Europa. Isso significa níveis ainda mais restritos de emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, óxido de nitrogênio (NOx) e material particulado.
Segundo a norma, os veículos P8 devem reduzir no mínimo em 80% os limites de NOx, 50% os limites de material particulado e 71,7% os limites de HC (hidrocarbonetos), em relação aos veículos Euro 5 (Proconve P7).
Outra exigência da norma é a necessidade de as montadoras assegurarem as emissões em uso durante os próximos sete anos ou 700.000 km, que os engenheiros consideram a grande novidade e maior desafio do Proconve P8.
Para atingir esses números, os caminhões tiveram de receber tecnologias de recirculação de gases de exaustão (EGR) e de pós-tratamento catalítico (SCR). Porém, mais importante do que isso, tiveram de receber um robusto sistema de gerenciamento e controle eletrônico de funcionamento.
Controlar emissões em veículos a combustão interna só é possível quando se tem informações sobre a qualidade da queima do combustível. Tais informações são obtidas por sensores instalados antes e depois do funcionamento do motor. Toda queima ideal de combustível consome oxigênio e dispensa apenas dióxido de carbono (CO2) e água. No caso do diesel, raramente haverá uma queima ideal, pois o diesel contém outras diversas substancias como o enxofre, que geram subprodutos dispensados na queima. São exatamente esses subprodutos da queima que precisam ser monitorados e eliminados.
Assim, desde o início do controle de emissões, os caminhões deixaram de ser puramente mecânicos e passaram a contar com gerenciamento eletrônico de injeção, que tem sido aperfeiçoado conforme as leis de emissões ficam mais rigorosas. Isso significa dizer que os sensores estão cada vez mais precisos, com menor tolerância entre valores máximos e mínimos, e todo o sistema de injeção passa a contar com um número maior de informações.
OBD
Tanto que os novos caminhões pesados da Mercedes-Benz contam com 350 pontos de monitoramento do OBD (on-board diagnostic), entre performance do motor e dos componentes de pós-tratamento, incluindo aqueles responsáveis pelo controle de emissões. E é justamente no sistema OBD que estão as maiores evoluções dos veículos Euro 6 em relação à geração anterior, Euro 5.
Como já citado anteriormente, as normas Euro 6 obrigaram as montadoras a incluir um novo sistema pós-tratamento de gases de exaustão, além de melhorar a performance do motor, com uma combustão mais eficiente.
Segundo o gerente de marketing de produto da Mercedes-Benz, Edgar Bertini Ruas, os novos motores Euro 6 da marca receberam novos pistões, anéis de pistões, injetores, turbinas e brunimento do motor para uma combustão mais eficiente, o que permite redução de consumo de até 8% em relação aos motores da geração anterior.
Somente isso não é o suficiente para atender a norma, assim os caminhões passam a ser equipados com sistema de pós-tratamento que conta com catalisadores de oxidação do diesel (DOC), que faz a redução de hidrocarbonetos por meio da elevação de temperatura, e filtro de particulados diesel (DPF), que utiliza a temperatura elevada do DOC para fazer a captura da fuligem. Na sequência, os gases passam pelo SCR, onde recebem uma carga de Arla 32, para reduzir o NOx, tal como já era realizado no Euro 5.
Todo esse processo é monitorado por sensores que alertam a central eletrônica caso haja algum problema, como má qualidade da queima por uso de combustível de má qualidade, ou Arla 32 fora de especificação.
Nesses casos, o OBD alerta o motorista de que algo está errado, podendo até reduzir potência e limitando a velocidade do caminhão para 20 km/h. Assim, é importante sempre utilizar diesel S10 de boa qualidade e jamais utilizar diesel S500, e também Arla 32 de boa procedência.
O custo do uso de diesel S500 em caminhões Euro 6 pode ser elevado, pois há possibilidade de entupimento do filtro de particulados DPF, que custa algumas dezenas de milhares de reais e deve ser substituído a cada 2 anos, de acordo com o plano de manutenção preventiva do veículo.
Pensando nisso, a Mercedes-Benz já anunciou um plano de recondicionamento do filtro PDF, em que é feita uma limpeza química profunda e controlada na peça. No momento da manutenção preventiva do caminhão, a peça original é substituída à base de troca por uma remanufaturada pela fábrica, com a mesma garantia da original, o que reduz o custo em até 70%.
Já a fabricante de motores Cummins oferece um sistema modular de filtros DOC e DPF, que possibilita a substituição apenas da parte defeituosa do sistema, reduzindo custo para o transportador.
Vantagens
O desenvolvimento da tecnologia para atender a norma Euro 6 trouxe mais benefícios para o transportador além do ecológico: redução de consumo de combustível. As montadoras divulgam até 15% de economia por km rodado, em relação ao modelo Euro 5.
Há no entanto um maior consumo de Arla 32, mas, apesar disso, fala-se também em aumento no tempo de trocas de óleo motor entre outras manutenções preventivas de rotina, o que reduz o custo operacional do caminhão.